segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Associação de Doentes Alcoólicos Recuperados de Nogueira da Regedoura - IV Encontro (Colóquio)

Presença
Há já muito tempo que não assistia a um evento da Associação. Em boa hora optei por participar, aliás essa deverá ser sempre a opção a tomar. Mas umas vezes me encontrar a trabalhar, ou a participar como Monitor noutra Associação.
Foi uma agradável Surpresa, encontrar-me com o Mário Soares, com o Amigo Mário Santos da Associação de Vagos, Com os Amigos da Associação de Alcoólicos Tratados da Maia e por fim com muitos dos que convivo aqui em Nogueira da Regedoura, onde me assumo, dou a cara e sabem que podem contar comigo.
Longe de mim pensar em intervir a não ser que um motivo maior a isso me levasse. Pois quem tem sentimentos e sofre desta terrível Doença, a força motora é mais forte que nós. Ainda bem que assim é, pois é sabido que os anos que levamos de recuperados e o padrão de vida e conceito de família que apresentamos é um visível cartão identificável, é de tal modo comovente e emocional, que não resistimos, comovemo-nos e contaminamos todos os presentes. É uma Mensagem única passado por todo os que partilham, que nós mesmos, não a sabemos decifrar. Porque este é será sempre um momento único.
Nos Doentes Alcoólicos, o momento alto e comovente é quando os Doentes dão o seu Testemunho.
Já foram tantos e tantos os testemunhos que li, que escrevi, que ouvi de doentes, mas há sempre um mais contagiante e mais penoso.
Testemunho Dramático:
Foi impressionante, aquele o que ouvimos de uma Senhora que não consegue parar de beber. Recusou aceitar o Diploma de Abstinência, porque assumiu que não conseguia ser abstinente e não o conseguia, porque vivia num sofrimento terrível. Tinha perdido tudo e o mais importante daquela riqueza a sua família. Era tratada como um farrapo, sem dignidade, atirada para o canto da valeta, era um estorvo, para os seus familiares e no momento de alguma lucidez, o desespero apoderava-se dela que só no álcool encontrava a forma de ultrapassar esse sofrimento. Disse saber que não era solução, apelou a todos que bebem em excesso que se tratem. Como a avançava nas suas palavras a dor tirava-lhe as forças, lutou e passou a mensagem, só parou quando as forças lhe faltaram e desmaiou. Se é feio um homem chorar eu chorei, e sinto-me orgulhoso por não me ter contido, porque tive mais uma vez a certeza que quem tem sentimentos emociona-se e não se importa se é bonito ou feio, se é duro ou mole, fica a certeza é que a Senhora merece que lhes expressemos os nossos sentimentos. Ainda não refeito, seguiu-se a intervenção do Senhor Presidente da Assembleia Geral que e muito bem levantou a questão da falta de Informação nos Órgãos de Comunicação, respondeu o Mário Soares, que até tinha publicado um livro e que em Aveiro a imprensa divulga a problemática do álcool, que as Rádios e televisões estão a dar maior abertura e que é frequente ver-se entrevistas com Doentes Recuperados.
Juntando o Testemunho dramático da Senhora e a falta de oportunidades de podermos junto dos Órgão da Comunicação Social e de outros apoios importantíssimos de apoio ao Doente, seja em ambulatório ou internamento, que para ser possível uma recuperação terá de passar forçosamente por ser-lhes dadas condições mínimas.
O Colóquio estava no fim. Mas senti que não poderia conter-me, sem que desse a conhecer o que estava a senti e a força com que tinham sido transmitidas as Mensagens e Testemunhos. Solicitei ao Senhor Presidente da Direcção para intervir e ele não se fez rogado e prontamente me deu a palavra, já tive a oportunidade de lhe agradecer. Foi uma intervenção com o coração não me contive e chorei, um choro avassalador que quase me impossibilitava de passar a mensagem oral, já que a sentimental estava a ser sentida por todos os presentes foi uma empatia de tal ordem forte, que depois de informar que tinha um Blogue na Net sobre Alcoologia com o Titulo: Doente Alcoólico Recuperado, assim como outros trabalhos escritos que pode serem lidos, mais também que era notória a participação das pessoas, que tenho ofertas monetárias, para que quando poder publicar um trabalho sobre a Doença do Alcoolismo.
Antes de terminar, enviar uma saudação muito especial às Associações que se fizeram representar, às Digníssimas Junta de Freguesia e Câmara Municipal e a todos que de uma ou outra forma tornaram possível a realização deste evento. Esta é a minha gratidão como Doente alcoólico que quero do fundo do meu coração agradecer.
Um Bem Hajam.

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